Usamos o termo “consagrado” quando um irmão ou irmã é ordenado ao diaconato ou um diácono é ordenado ao presbiterato. Embora não seja nenhum erro denominar assim as ordenações, porém, biblicamente, ser consagrado pode ultrapassar os limites de escolha, ofício ou hierarquia. Ou seja, consagrado é todo aquele que se tornou participante do sagrado, dedicado, santificado, exclusivo para Deus. Quando olhamos para alguns irmãos do passado, o momento de maior pico deste mergulho em Deus foi justamente quando se sentiram vazios de si próprios.
Abraão foi Abraão, por que
mesmo depois de receber a promessa de ser Pai, não apenas de Isaque, mas de
muitas nações, através de mensageiros celestes, ao interceder por Sodoma e
Gomorra, não se exalta e, despojado de tudo, se dirige ao Senhor: “… Eis que agora
me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza.” Gn 18.27. Como nos
sentiríamos, após receber um recado de que seríamos proeminentes no mundo
inteiro?
Jó foi Jó porque após ser testado ao extremo na área material,
emocional, familiar, social e espiritual, reconhece a soberania de Deus em toda
a sua vida e sem ousar na presença do Altíssimo confessa: “Com os ouvidos eu
ouvira falar de ti; mas agora te vêem os meus olhos. Pelo que me abomino, e me
arrependo no pó e na cinza.” – Jó 42.5 e 6. Como reagiríamos se tivéssemos que
descer ao vale profundo de tamanho despojamento?
Davi foi Davi porque, apesar de ser um rei, ter casas especiais,
tesouros imensos vindo principalmente das conquistas militares, um exército à
sua disposição, no entanto, quando se dirige a Deus reconhece: “Pois ele
conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó.” – Sl 103.14. Como
lidaríamos com tanto poder nas mãos?
Isaías foi Isaías porque, mesmo com a nação Israelita se
encontrando num caos político e espiritual, no dia do seu chamado, tendo uma
tremenda visão e imersão na glória divina exclamou: “… Ai de mim! pois estou
perdido; porque sou homem de lábios impuros, e habito no meio dum povo de
impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o Senhor dos exércitos!” – Is 6.5.
Esta foi a razão dele se tornar o profeta mais messiânico, tendo um dos
ministérios mais longo do Antigo Testamento. Diante de uma visão gloriosa,
diríamos ai dos outros ou ai de mim?
Jeremias foi Jeremias, porque apesar da rebeldia israelita e da
invasão iminente dos caldeus, no dia do seu chamado, reconhece: “… Ah, Senhor
Deus! Eis que não sei falar; porque sou um menino.” – Jr 1.6. Deus não aceita
esta desculpa e o capacita a ser a voz profética mais emocionante do Antigo
Testamento na qual mistura alerta, poesia e choro. Como encararíamos ser
responsáveis por edificar ou derribar nações?
Pedro
foi Pedro porque, após não conseguir recolher sozinho a grande quantidade de
peixe, fica assombrado com a ação e a presença maravilhosa de Jesus e,
prostrado, faz um pedido sincero: “… Retira-te de mim, Senhor, porque sou um
homem pecador.” – Lc 5.8. Jesus te faz sentir pequeno ou grande?
Paulo foi Paulo porque quando Jesus o derruba ao chão no caminho de Damasco,
capturando seu violento coração, ele abre mão de tudo, dizendo: “… Quem és tu,
Senhor? Respondeu o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues” – At 9. Jesus
realmente é o Senhor de tudo em sua vida?
E Jesus então? Jesus só foi Jesus porque viveu plenamente o que está escrito em Filipenses 2.5-11 que, nitidamente, nos diz: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.”
Deus
quer engrandecê-lo, mas Ele somente pode fazê-lo grande, na proporção que
descer os degraus da humildade, do auto esvaziamento e exaltar ao único e
soberano Deus. Humildade e quebrantamento contrastam com exaltação e glória,
eles são “diametralmente opostos”. Não há brilho sem conhecer o porão da existência.
Quando nos encontramos quebrantados e arrependidos, estamos no lugar certo
porque viemos do pó. Quando descobrimos esta equação, sabemos porque eles
foram, assim, tão proeminentes no Reino de Deus.
Na melhor acepção da “Palavra”: Você é um Consagrado. NEle, por Ele e para Ele.
Autor: Pastor Elias Alves Ferreira.
Fonte: http://portaliap.com.br/
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