Maldição Hereditária a Fábula que Irrita a Deus

7 de junho de 2014


INTRODUÇÃO: Em todos os tempos a Igreja de Cristo sofreu ataques espirituais visando contaminar a pureza que caracteriza sua doutrina. No Brasil de hoje, uma doutrina sutil e perigosa destaca-se pela grande confusão que tem causado no meio dos cristãos evangélicos. Trata-se da crença em Maldição Hereditária. É mais um dos terríveis ataques de Satanás em sua incansável luta para destruir vidas que já foram salvas por Jesus Cristo. E tem conseguido resultados positivos, especialmente, na vida de cristãos biblicamente imaturos e, conseqüentemente, frágeis em sua vida espiritual.
É com intenção de prestar socorro a esses irmãos fragilizados na fé e fortalecer os que ainda não foram atingidos, que a Diretoria Geral, convocou a Comissão Permanente de Doutrina da IAP, para estudar o assunto e apresentá-lo na Assembléia Geral de 2002.
A seguir conheceremos os conceitos dos defensores da Maldição Hereditária e a confrontação desses conceitos com a palavra de Deus.

01 - CONHECENDO OS CONCEITOS DOS DEFENSORES DA MALDIÇÃO HEREDITÁRIA.

A – Conhecendo o argumento da herança maldita. De acordo com as pessoas que ensinam a existência de crentes amaldiçoados, a maldição hereditária é a autorização dada ao diabo por alguém que exerce autoridade sobre outrem (o pai ou a mãe, por exemplo), para causar dano à vida do amaldiçoado, levando-o a viver completamente fora dos propósitos de Deus. Se uma pessoa não for chamada para quebrar essa cadeia de maldição, a herança maldita, maligna e invisível vai se espalhando e alcançando misteriosamente e indefinidamente os seus descendentes, de geração a geração, trazendo-lhes
problemas de ordem espiritual, familiar, relacional, emocional e física. Acredita-se, portanto, que a maldição tem o poder de auto concretizar-se.

Como é isso na prática? É assim: Se há na família alguém com problemas de prostituição, de alcoolismo é devido à presença de um espírito maligno atuante nos ancestrais da família. Por trás do pecado da
pessoa, está o pecado do ancestral familiar. Esse ensinamento é fundamentado principalmente em Ex
20:5-6 que afirma: Eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos. Os outros textos usados nesse sentido são: Lv 26:39, Nm 14:18, Dt 30:19.

Marilyn Hickey, autora norte-americana e que já esteve várias vezes no Brasil em conferências da Adhonep (Associação de Homens de Negócios do Evangelho Pleno), promove constantemente este ensino. Note suas palavras: “Se você ou algum de seus ancestrais deu lugar ao diabo, sua família poderá estar sob a “Maldição Hereditária”, e esta se transmitirá a seus filhos. Não permita que sua descendência seja atingida pelo diabo através das maldições de geração. Os pecados dos pais podem passar de uma a outra geração, e assim consecutivamente. Há na sua família casos de câncer, pobreza, alcoolismo, alergia, doenças do coração, perturbações mentais e emocionais, abusos sexuais, obesidade, adultério’? Estas são algumas das características que fazem parte da maldição hereditária nas famílias. Contudo, elas podem ser quebradas!”

Esclarecendo o argumento da herança maldita. Segundo as explicações da maldição hereditária, não somos responsáveis diretamente pelos nossos próprios pecados. Somos, sim, vítimas das escolhas pecaminosas dos nossos antepassados. Esse conceito é bíblico? Quem ensina Maldição Hereditária diz que sim. Com que base? Baseando-se principalmente em Ex 20:5-6, onde encontramos Deus dizendo que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos. Mas seria realmente esse o ensino de Ex 20:5? Antes de fazermos algumas considerações sobre esse texto, vamos lê-lo em outras versões bíblicas para entendermos melhor o seu sentido.

Na Bíblia de Jerusalém está assim: (...) eu, Iahweh teu Deus, sou um Deus ciumento, que puno a
iniqüidade dos pais sobre os filhos até a terceira e quarta geração dos que me odeia, mas que também ajo com amor até a milésima geração para aqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.
A Nova Versão Internacional traduziu como se segue: (...) eu, o Senhor, o teu Deus, sou Deus zeloso, que castigo os filhos pelos pecados de seus pais até a terceira e quarta geração daqueles que me desprezam, mas trato com bondade até mil gerações aos que me amam e obedecem aos meus mandamentos.

Em a Nova Tradução da Linguagem de Hoje encontramos a seguinte tradução: (...) eu, o Senhor, sou o seu Deus e não tolero outros deuses. Eu castigo aqueles que me odeiam, até os seus bisnetos e trinetos. Porém sou bondoso com aqueles que me amam e obedecem aos meus mandamentos e abençôo os seus descendentes por milhares de gerações.

Interpretação do texto: De acordo com o comentarista bíblico R. Alan Cole, a expressão até a terceira e quarta geração "se aplica aos que aborrecem (odeiam) a Deus, que se recusam a viver em consonância com Sua vontade. Já que este mundo pertence a Deus, e já que estamos todos envolvidos uns com os outros, qualquer violação da lei de Deus numa geração fatalmente irá afetar as gerações futuras." (Êxodo - Introdução e Comentário, p. 150)..

R. N. Champlin sobre o texto em questão escreve o seguinte em seu comentário o Antigo Testamento
interpretado versículo por versículo: “A idolatria e o uso de imagens eram considerados uma tão grave iniqüidade que foram ameaçados poderosos juízos de Deus contra os idólatras, envolvendo até a quarta geração dos mesmos. (...) Podemos ter certeza de que os juízos de Deus são justos, e envolvem os filhos dos idólatras porque geralmente participam dos pecados de seus pais. Mas em casos de inocência, esses juízos eram suspensos. Todavia, persistiam as circunstâncias adversas, criadas anteriormente. Ademais, existe aquela genética espiritual que transmite atitudes e costumes para os filhos, provocando assim a ira divina.”

Que os filhos podem sofrer indiretamente os resultados dos pecados cometidos pelos pais ninguém duvida. Repetindo: resultados, não uma maldição! Sabemos que as conseqüências do pecado não atingem somente o indivíduo que pecou, mas também a sua comunidade, os seus relacionamentos. Os resultados destrutivos do pecado podem continuar através das gerações, atingindo até os descendentes inocentes. A própria herança biológica transmite os resultados dos pecados dos pais aos seus descendentes. Como assim? Da seguinte forma: Um pai que fuma pode criar e transmitir defeitos genéticos a seus filhos, netos e bisnetos. Além disso, o testemunho do pai influencia negativa ou positivamente na vida do filho, dependendo da personalidade deste.

A Aids em uma criança pequena pode ser o resultado da prostituição da mãe ou do pai. E se a mãe ou o pai da criança tiver pedido perdão para Deus pelo seu pecado? O resultado continua? Sim! A não ser que Deus faça um milagre e remova do corpo o vírus HIV. Não acontecendo isso, o resultado é este: Deus perdoa o pecado da prostituição, mas o julgamento ou a conseqüência permanece. Sofremos pelo mal que praticamos, apesar do perdão divino: Não se enganem: ninguém zomba de Deus. O que a pessoa plantar, é isso mesmo que colherá (Gl 6:7, Sl 62:12, Jr 17:10, I Pd 1:17).

Portanto, fica claro que o pecado sempre acarreta conseqüências. A primeira conseqüência do pecado de uma pessoa é a vergonha. A segunda é a punição, o castigo. Todo pecado traz punição. Mais: o julgamento divino é para remediar e corrigir, não somente para castigar.

Agora, o filho ou a filha dizer que se prostitui porque a sua mãe foi uma prostituta é outra história. Entendemos que a vida deste filho ou filha pode até ter sido influenciada pelo exemplo negativo da mãe, mas jamais determinada. Se o filho se prostitui é porque ele escolheu e decidiu pessoalmente se prostituir. Os filhos não se prostituem por causa da mãe. Não se prostituem devido a uma maldição familiar! Por que não? Porque esse não é o conceito de pecado ensinado pela palavra de Deus. O conceito de pecado na Bíblia é muito diferente do conceito de pecado ensinado pelos admiradores da crença na Maldição Hereditária que não leva em conta a responsabilidade pessoal pelo pecado.

E o que diz a Bíblia? Na Bíblia o pecado é sempre pessoal. O pecado é sempre o resultado do livre- arbítrio do ser humano. É o seu ato livre. É resultado de uma decisão consciente. O ser humano é livre
para escolher entre o bem e o mal. Os pecadores são responsáveis por suas escolhas, atitudes e ações. A responsabilidade pelo pecado é pessoal. (Dt 9:6-24; Jr 2;4-28; Ez 16:14-58; Am 2:6-8; 5:10-12; 8:4-6; Mq 2:1 e 2; 7:2-7; Is 59:1-8, Jr 7:9-11; 29:23).

O teólogo Ralph L. Smith em seu livro Teologia do Antigo Testamento, ensina que "o indivíduo, no antigo Israel, estava subordinado a seu grupo. Jamais, porém, o indivíduo estava subordinado a ponto de não ser responsável por seus atos pessoais. Várias passagens enfatizam a independência do indivíduo do grupo (veja Dt 24:16; 2 Rs 14:6, Jr 31:29). Portanto, a palavra de Deus deixa bem claro que o pecador é culpado e responsabilizado por qualquer ofensa que cometer, mesmo sem estar ciente de algum pecado pessoal (Lv 5:17).

A responsabilidade pessoal pelo pecado é ainda mais claramente ensinada e destacada por Deus através do profeta Ezequiel, no capítulo 18 versículos 1-32. O profeta poderosamente inspirado por Deus combate o ditado popular que o povo vivia repetindo na terra de Israel: os pais comeram uvas verdes, mas foram os dentes dos filhos que ficaram ásperos. A palavra do Senhor afirma que a pessoa que pecar essa morrerá. O filho não responde pelo pai. Cada um responde por si! O Mestre dos mestres, Jesus Cristo descartou qualquer possibilidade de alguém ser castigado pelo pecado se seus ancestrais. (Jo 9:1-3).

O castigo do pecado do pai só será aplicado ao filho se este também cometer iniqüidade. Cada um será punido pelas suas próprias obras iníquas! Não há nem maldade hereditária, nem bondade hereditária. Um pai bondoso não gera necessariamente um filho bondoso nem um pai maldoso gera um filho maldoso.

Nesse caso, filho de peixe, peixinho não é! E também nosso ditado de que tal pai, tal filho é biblicamente falso. O filho de um pai obediente a Deus pode ser rebelde a Deus, se individualmente optar pela rebeldia. A Bíblia mostra que o iníquo Manasses, o mais perverso rei da história de Judá, era filho do piedoso Ezequias! Isso prova que a retidão do pai não se transfere automaticamente para o filho. Cada um carrega a sua própria culpa. Mesmo recebendo maus exemplos do pai/mãe biológico, um filho pode vencer na vida (espiritual, relacional, material), se Cultivar pessoalmente no seu coração o temor ao Senhor. Não foi assim com Josias, filho do terrível Amom? Amom comeu uvas verdes, mas os dentes de Josias não foram afetados! Josias não herdou a maldade do seu pai Amom! Não foi assim com Ezequias filho do deplorável Acaz? Acaz comeu uvas verdes? Comeu! Os dentes de Ezequias foram afetados?

Não! Ezequias foi o que escolheu ser! Assim, o provérbio popular citado pelo povo de Deus é desmentido pela própria história do povo de Deus (2 Rs capítulos 16, 18, 21-22).

Aqui fica um alerta: Não basta citar textos bíblicos para fundamentar uma doutrina. É preciso interpretá-los corretamente, observando e respeitando o contexto de toda a palavra de Deus. A principal regra da hermenêutica, uma disciplina que ensina princípios de interpretação bíblica, é: a Escritura se interpreta a si mesma. Isto quer dizer não podemos interpretar um texto isolando-o dos demais textos da Bíblia. O restante de toda a Bíblia precisa ser analisado com honestidade e seriedade.

A narrativa do Antigo Testamento nos informa que sempre que a nação de Israel esteve num relacionamento de amor com Deus, ela não podia ser amaldiçoada. Vemos a prova disso em Números
23:7, 8, quando Balaque pediu a Balaão que amaldiçoasse a Israel. A resposta de Balaão aparece no versículo 23: “Pois contra Jacó não vale encantamento, nem adivinhação contra Israel”. Por outro lado, sempre que a nação quebrou a aliança de amor com Deus, ela ficou exposta à maldição, calamidades e cativeiro.

É verdade que os filhos que repetem os pecados de seus pais têm toda a possibilidade de colher o que seus pais colheram. Os pais que vivem no alcoolismo têm grande possibilidade de ter filhos alcoólatras.
Os que vivem blasfemando, ou na imoralidade e vícios, estão estabelecendo um padrão de comportamento que, com grande probabilidade, será seguido por seus filhos, pois “aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6:7). Isso poderá suceder até que uma geração se arrependa, volte-se para Deus e entre num relacionamento de amor com ele através de Jesus Cristo. Cessou aí toda a maldição. Não deve ser esquecido também que o autor da maldição ou punição é Deus e que ela é a manifestação da sua ira. Note que, no final do versículo cinco do capítulo vinte de Êxodo, a Palavra de Deus declara que a maldição viria apenas sobre aqueles que aborrecem a Deus.

B – Conhecendo o argumento das palavras malditas. Os que defendem a existência da maldição hereditária também afirmam que as palavras humanas ditas de forma impensada e precipitadas têm poder em si mesmas para liberar a ação do diabo na vida de uma pessoa, família ou geração. Para ensinar isso, fundamentam-se em Tg 3:8-10 que nos diz: a língua, porém, nenhum dos homens é capaz de domar; é mal incontido, carregado de veneno mortífero. Com ela, bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma só boca procede a bênção e maldição.

Assim, um garoto pode, por exemplo, tornar-se um homossexual simplesmente porque o seu pai o amaldiçoou chamando-o de mulherzinha! Veja que segundo essa estranha crença o rapaz tornou-se homossexual não porque escolheu ou decidiu pessoalmente. Mas a sua homossexualidade foi despertada e alimentada pelas palavras de maldição ou de zombaria proferidas e lançadas pelo seu próprio pai. Resultado: por ser tanto amaldiçoado, acabou se tornando homossexual! A palavra humana gerou a imoralidade.

Observa-se que o rapaz mesmo não teve nenhuma responsabilidade sobre esse seu comportamento sexual pecaminoso. Na verdade, segundo os defensores da maldição hereditária, qualquer pecado é precedido por palavras de maldições de famílias. Se uma pessoa é mentirosa, homicida, invejosa, violenta, nervosa, briguenta é porque foi vítima de palavras de praga, pronunciadas principalmente pelos pais. Assim, as palavras têm poder para determinar o futuro, o destino, o caráter das pessoas! Elas serão bem ou mal sucedidas de acordo com o que se falar delas ou para elas.

Esclarecendo o argumento da palavra maldita. Se as palavras impensadas que pronunciamos podem determinar negativamente o caráter, o destino, o futuro de quem as ouve? Uma jovem pode repetir o mal caráter da mãe só porque ouvir dizer "quando você crescer vai ser igual a mãe"? Um filho pode mesmo não dar em nada só porque ouviu várias vezes da boca do pai "quando você crescer não vai dar em nada". As palavras humanas têm mesmo todo esse poder de destruição? Se essas palavras de maldição não forem "quebradas", se cumprirão plenamente?
Vamos raciocinar o contrário: por exemplo, uma pessoa pode ser bem sucedida profissionalmente só porque em sua infância ouvi palavras positivas da sua mãe do tipo: você será um grande empresário? Se as palavras negativas se cumprem, as positivas não deveriam também se cumprir? Então as palavras
humanas não têm em si mesmas poder para realizar aquilo que dizem? A resposta é não! As únicas palavras que tem poder criativo são as palavras pronunciadas por Deus. (Gn 1:1-20).

Concordamos que as palavras humanas empregadas erradamente podem prejudicar, machucar e influenciar nossos relacionamentos. Por isso é que a palavra de Deus freqüentemente recomenda que usemos as nossas palavras com responsabilidade: Não digam palavras que fazem mal aos outros, mas usem apenas palavras boas, que ajudam os outros a crescer na fé e a conseguir o que necessitam, para que as coisas que vocês dizem façam bem aos que ouvem (Ef 4:28).

É preciso ter cautela na comunicação interpessoal. Muita gente tem confundido liberdade de expressão para falar sem respeitar os outros. O crente deve zelar pelo falar. A Bíblia não é a favor da linguagem intemperante e precipitada. (Pv 15:1, 17:27, 25:11, Tt 2:8, Tg 3:2). Nisto todos pensamos a mesma coisa. Agora, presumir que as palavras humanas podem por si mesmas determinar o sucesso ou o fracasso de quem as escuta é ignorar o ensino bíblico. Não somos vitimas cegas nem da hereditariedade nem das palavras humanas de maldição pronunciadas contra nós, sem forças para mudar nossos destinos. As palavras de maldição no passado não têm que ser permanente, como uma espécie de amuleto de má sorte, pendurado em nosso pescoço, para nos prejudicar o resto da nossa vida.

C – Conhecendo o argumento dos nomes malditos.
Os que acreditam em Maldição Hereditária também defendem que a maldição pode atingir a pessoa dependendo do nome que tenha. Afirmam que há nomes que trazem maldição em si, pelo seu significado. O "bom nome" é equivalente ao "bom destino". O “mau nome” é equivalente ao “mal destino”. O caráter de uma pessoa dependerá não de suas escolhas ou decisões pessoais, mas exclusivamente do seu nome.

Ao observarmos o que se ensina sobre maldição dos nomes, constatamos que esse "ensino" é basicamente fundamentado e sistematizado sobre uma série de experiências pessoais, subjetivas. E aí
citam várias experiências de pessoas que por causa dos nomes "ruins" que tinham, sofreram inúmeros fracassos espirituais, financeiros, conjugais, etc. Nessa condição, a pessoa só se verá livre desses transtornos se a maldição do nome for quebrada ou o nome mudado.

Esclarecendo o argumento dos nomes malditos. O nome de “significado bom” é equivalente ao "bom destino" e o nome de “significado mal”, é equivalente ao “mal destino”. Em qual parte das Escrituras há o
ensino da maldição no nome? Quando foi que Jesus ou os apóstolos apareceram quebrando a maldição
do nome de alguém? Se o nome é garantia de sucesso, porque personagens bíblicos com "bons nomes”
fracassaram?

Por exemplo, Abiú, filho de Arão (Ex 6:23), tinha um nome hebraico com um significado maravilhoso (Deus é pai), mas o fim da sua vida é descrito assim: Nadabe e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e sobre este, incenso, e trouxeram fogo estranho perante a face do Senhor, o que lhes não ordenara. Então, saiu fogo de diante do Senhor e os consumiu; e morreram
perante o Senhor (Lv 10:1-2). Absalão quer dizer “pai da paz”. Embora tendo um nome tão pacífico, ele tentou usurpar o trono de seu pai Davi, teve uma vida turbulenta e morreu de forma trágica (2 Sm.3:3; 13-19).

Anás, o sumo sacerdote que viveu nos tempos de Jesus, era outro que tinha um "bom nome" (“Javé compadeceu-se” ou “Javé mostra graça”). O significado do seu nome afetou o seu caráter? O evangelho de João diz que não. Ele viu Jesus ser injustamente esbofeteado pelo soldado romanos, mas não demonstrou a mínima compaixão por Jesus (Jo 18:12-24)!

Daniel recebeu o nome de Beltissazar, 1:7 (que significa “Príncipe de Bel”, um dos principais deuses dos babilônicos - Dn 4:8; Is 46:1; Jr 50:2). Hananias foi chamado Sadraque (que significa “Servo de Aku”, o deus da Lua Sin); Misael (que significa “semelhante a Deus”), foi chamado Mesaque (que significa “Quem é igual a Aku”); e Azarias foi chamado de Abednego (que significa “Servo de Nebo”). Em nenhum momento a Bíblia apresenta esse grandes homens de Deus preocupados com maldições espirituais provenientes de seus nomes pagãos.

A Bíblia afirma que, mesmo com esses nomes, Deus os abençoou, a ponto de o rei Nabocodonozor decretar que o Deus desses rapazes, o Senhor Todo-Poderoso, é o Deus dos deuses. Eles eram pessoas abençoadas por Deus apesar de terem nomes pagãos. Por quê? Porque eram obedientes e tementes a Deus! Seus nomes não determinaram bênçãos e nem maldições, pois, quem determina essas situações é unicamente Deus.

E o que dizer de Apolo (“Destruidor”), Judas Iscariotes (“Louvável, louvor”), Davi (“Amado”), Paulo (“Pequeno”), Filipe (“Amigo de cavalos”), Tiago (“Forma moderna de Jacó – Enganador”) e outros? Concordamos com a afirmção do teólogo Isaltino Gomes Coelho que diz "presumir que o caráter de uma pessoa dependerá do seu nome se choca com o ensino bíblico sobre a responsabilidade pessoal, a individualidade, a capacidade humana de decidir sua vida". Portanto, também não existe base bíblica para a maldição do nome!

DOENÇA OU MALDIÇÃO?

Um outro aspecto incorreto desse ensino é confundir as doenças transmitidas por herança genética com maldições hereditárias espirituais. Isto pode ser observado nas declarações de Marilyn Híckey: “Será que você já observou uma família na qual todos os membros usam óculos? Desde o pai e a mãe até a criança menor, todos estão usando óculos, e geralmente os do tipo de lentes grossas. Essas pobres criaturas estão debaixo de uma maldição, e precisam ser libertas.”

Não se pode construir uma doutrina em cima de uma observação, experiência ou somente porque uma família toda usa óculos! Existem muitas famílias em que apenas um ou outro membro usa óculos. O que aconteceu? Por que só alguns herdam a maldição e outros não? E se as doenças são maldições transmitidas de pais para filhos através dos genes (geneticamente), por que os pregadores dessa doutrina não quebram, por exemplo, a maldição da calvície, transmitida geneticamente? O Senhor Jesus nunca ensinou tal doutrina. Quando perguntado sobre o cego de nascença: “Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?”, ele respondeu: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus” (Jo 9:2-3). Alguns usam este texto para afirmar que os discípulos acreditavam na maldição de família, procurando dar assim legitimidade a tal ensino. É preciso lembrar que os discípulos nem sempre estiveram certos no período de treinamento que passaram juntos a Jesus.

Quanto ao cego de nascença, Jesus destruiu qualquer superstição ou crença que os discípulos pudessem ter de que a cegueira fora provocada pelos pecados de seus antepassados, e o próprio Jesus nunca ensinou tal doutrina. Tal ensino não encontrou espaço também nos escritos do apóstolo Paulo. Ao contrário, quando escreveu aos coríntios pela segunda vez, declarou com muita certeza: “E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura: as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Co
5:17). Aos efésios, ele afirma: “Bendito o Deus e pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (Ef 1:3). Onde existe espaço para maldições na vida de um cristão diante de uma declaração como esta?

É importante observar a sugestão do apóstolo Paulo a Timóteo, quando lhe escreveu a primeira carta: “Não continues a beber somente água; usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades” (1 Tm 5:23). Paulo nunca insinuou que a enfermidade de Timóteo fosse uma maldição de seus antepassados, pois sabia que Timóteo vivia numa natureza afetada pela desobediência dos primeiros pais (Adão e Eva). Apesar de o Reino de Deus estar entre nós, ele ainda não chegou à sua plenitude, pois até a criação geme, aguardando ser redimida do cativeiro da corrupção (Rm 8: 19-23). Paulo apenas sugeriu que Timóteo tomasse um pouco de vinho como um remédio para suas freqüentes enfermidades estomacais e não que fizesse a quebra das maldições hereditárias.

CONCLUSÃO:
O crente em Jesus pode ainda estar sendo, em algum sentido, afetado por uma maldição hereditária? Aprendemos através da palavra de Deus que não.
A palavra de Deus afirma, em Cl 1:13-14, que ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.
A palavra de Deus afirma, em 1 Jo 5:18, Sabemos que os filhos de Deus não continuam pecando, porque o Filho de Deus os guarda, e o Maligno não pode tocar neles.. (NTLH).
A palavra de Deus afirma, em 2 Co 5:17, que se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.
A palavra de Deus afirma, em Rm 8:1-2, que agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte
(Rm 8:1-2).
A palavra de Deus afirma, em Jo 3: 6, que o que é nascido da carne é carne, mas o que é nascido do
Espírito, é espírito.
A palavra de Deus afirma, em Rm 8:17, que somos filhos e também herdeiros de Deus e co-herdeiros de
Cristo (os cristãos não herdam maldições).
A palavra de Deus afirma, em At 26:17 e 18 que, a pessoa que é liberta por Cristo, é totalmente livre do poder de Satanás e, em vez de maldição, recebe remissão de pecados e herança pertencente aos santos. Portanto, Deus não exige que creiamos em nada sobre si mesmo ou sobre sua obra redentora que não se encontra nas Sagradas Escrituras. O ensino da palavra de Deus deve ser suficiente para os filhos de Deus permaneçam firmes, aguardando a redenção final.

Tomemos para nós as palavras de exortação que o apóstolo Paulo disse aos colossenses alertou:

Tenham cuidado para que ninguém os torne escravos por meio de argumentos sem valor, que vêm da sabedoria humana. Essas coisas vêm dos ensinamentos de criaturas humanas e dos espíritos que dominam o Universo e não de Cristo (Cl 2:8).
Tomemos também para nós as palavras ditas sob a inspiração do Espírito Santo pelo mesmo apostolo aos gálatas: Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de
novo, a jugo de escravidão (Gl 5:1).
Somos ensinados pela Bíblia, que no Senhor Jesus Cristo fomos completamente libertos do poder do império das trevas: se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. (Jo 8:36).



Assembléia Geral – 29 e 30/11 e 01/12/2002
Estância Árvore da Vida - Sumaré – SP

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PROGRAMAÇÃO OFICIAL:

Sábados

9 h - Escola Bíblica

10 h - Culto Divino

Domingos

19 h - Culto de Louvor

Segundas-feiras

20 h - Reunião de Oração

Quartas-feiras

20 h - Clamor pelas Famílias